A inflação domiciliar, que afeta principalmente alimentos e tem impacto direto sobre as contas das famílias mais pobres, deve ter uma deflação de 0,8% este ano, segundo Matos. Em 2022, houve inflação de 13,2%.
“Isso é uma coisa muito boa. Sabemos que alimentos são uma base importante, principalmente para famílias de mais baixa renda. [...] Para famílias de baixíssima renda, pensando aí no Bolsa Família, um terço da cesta deles é esse tipo de alimentação. É muito alto”, afirmou.
Além disso, Matos destaca a redução na inflação de bens industriais de 9,5% em 2022 para 1% este ano, segundo estimativa da FGV.
“Uma parte relevante da inflação vem com uma desaceleração e muito mais creditado, não só [porque] teve a política monetária, mas muito efeito desse choque de preços. Não foi só no Brasil, todo mundo foi beneficiado por essa redução de preços industriais, commodities, energia”, declarou.Atividade econômica
Para Matos, a trajetória do PIB desse ano conta uma história diferente de 2022, apesar de os resultados serem parecidos: 3% em 2022 (valor revisado) e 2,9% este ano.
A diferença entre os dois anos está nos setores que mais contribuíram para a atividade econômica. A maior parte da contribuição com o PIB em 2022 veio da indústria e dos serviços. Já neste ano, o agronegócio e as atividades de extração devem responder por mais da metade do PIB.
“Foi um ano muito bom, sem dúvida, pelo clima. Apesar do Rio Grande do Sul ter tido seca no início do ano, tivemos uma brutal safra de soja, de milho, isso ajudou a baratear ração, ajudou nas carnes”, afirmou.
Já a indústria e os serviços foram afetados pela política monetária, com a manutenção dos juros a taxas mais altas. O ano começou a taxa básica de juros da economia, a Selic, a 13,75%. Na quarta-feira (13), o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) reduziu a taxa de 12,25% para 11,75%.
Perspectivas para 2024
Segundo Salto, a taxa de crescimento em 2024 deve ser menor, “mas é uma dinâmica que provavelmente vai ser puxada pelo consumo e pelo investimento no ano que vem em razão da redução dos juros que já está acontecendo há algum tempo”.
Já para a inflação, a projeção da Warren é de 3,5% no ano que vem, sem o efeito do El Niño. A meta do governo é de 3%, mas a avaliação é que há uma desaceleração ou controle da inflação.
A FGV projeta uma inflação de 4,1% para 2024. Para Matos, o cenário para a inflação de alimentos deve ser menos animador que em 2023, com elevação nos preços por causa dos fenômenos climáticos no final deste ano.
“Estamos vendo já previsões de uma safra menor e o risco é negativo porque vemos o Centro-Oeste, que produz bastante soja e milho, com chuva irregular, clima bastante quente. Pode ser que tenhamos uma leve queda do agro, depois de crescer (...) esse ano”, afirmou.
O crescimento menor do agronegócio também deve afetar o PIB. A projeção atual da FGV é de um crescimento de 1,4% em 2024 -- quase metade do previsto para 2023.
"Se tiver uma queda maior do agro, temos o risco de termos um PIB muito fraco no início do ano porque ele depende muito de agro", afirmou Matos.
g1