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14 mulheres foram mortas violentamente em Rondônia nos dois primeiros meses de 2022

14 mulheres foram mortas violentamente em Rondônia nos dois primeiros meses de 2022

Levantamento feito pelo g1, com dados da Sesdec, mostrou que dos 14 assassinatos, cinco foram feminicídios.

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Rondônia registrou 14 mortes violentas de mulheres entre janeiro e fevereiro deste ano. Os dados foram solicitados pelo g1 à Secretaria de Segurança, Defesa e Cidadania (Sesdec) e revelam que cinco desses assassinatos foram investigados como feminicídio.

Um dos assassinatos mais marcantes registrados em janeiro foi o de Ângela Maria Silva Duarte, de 51 anos. Ela foi encontrada morta dentro do guarda-roupas de um vizinho em Ji-Paraná (RO). A vítima estava nua e em seu corpo havia sinais de asfixia. O homem foi preso dias depois, enquanto se escondia em uma fazenda de Mato Grosso.

Já em fevereiro o feminicídio de Antonieli Nunes Martins chocou o país. A vítima, de 32 anos, foi morta após revelar ao suspeito que estava gestante dele, em Pimenta Bueno (RO). Segundo a polícia, Gabriel Masioli mantinha uma relação extraconjugal com a vítima e a matou porque não queria assumir a paternidade do bebê.

O crime de femicídio tem em sua qualificadora pelo fato de o homicídio acontecer por conta da vítima ser do gênero feminino.

A importância da nomenclatura no momento do registro policial, segundo o defensor público Fábio Roberto, interfere diretamente na criação de políticas para o combate ao crime contra a mulher.

"A partir dessas estatísticas é que vamos conhecer a realidade da sociedade e o quão violenta essa sociedade é contra a mulher. Óbvio que no início do registro da ocorrência, em sede policial, ainda não há dimensão total dos motivos. Mas me parece que há uma subnotificação quanto ao feminicídio. É preciso uma atenção grande das autoridades policiais, para — quando registrar essa ocorrência — identificar se a morte foi por conta do gênero da mulher", destaca

 

Antes do feminicídio

Muitas vítimas de feminicídio vivem um relacionamento de abuso emocional, psíquico e mental, conhecido como ciclo da violência doméstica. A esfera do relacionamento funciona em um sistema que apresenta três fases: tensão, explosão e lua de mel.

No ciclo da violência, o agressor também é um abusador emocional. Além desse homem agredir fisicamente a companheira, ele a manipula por meio de palavras opressoras, deixando-a cada vez mais fragilizada.

Especialista, psicóloga e mestre na Universidade Federal de Rondônia (Unir), Selena Castiel destaca que para a vítima de violência doméstica sair desse ciclo é preciso, primeiramente, que ela se veja dentro dele.

"Até a mulher conseguir dar conta do que ela vive, pode se passar muito tempo. Porque por muitas vezes essa tomada de consciência é tomada por mecanismos de defesa, de pensamentos de negações, de acreditar que o comportamento desse abusador se faz por excesso de proteção e de amor", pontua.

Quanto ao tratamento, a psicóloga Selena destaca a importância do acolhimento de pessoas próximas e também a busca por um acompanhamento profissional.

FONTE: https://g1.globo.com/ro/rondonia/noticia/2022/03/07/14-mulheres-foram-mortas-violentamente-em-rondonia-nos-dois-primeiros-meses-de-2022.ghtml

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